terça-feira, dezembro 30, 2008


AGRADEÇO a todas e todos que estiveram, compartilharam, viveram comigo a vida, o trabalho, os projetos, as emoções, as perdas, as conquistas, os amores, as alegrias e tristezas. Saibam todos: estou melhor hoje, mais fortalecida, mais viva, mais madura, mais atenta, mais FELIZ!!....um ano novinho em folha para todos....desejem, desejem muito...e realizem sempre....beijos!!

A CAPACIDADE DE PLANEJAR E CONCRETIZAR.

Todos nesse período do ano estão a pensar nas festas e a fazer balanço do ano que passou. Foi um ano conturbado, pesado, cheio de grandes crises e tempestades naturais, emocionais, laborais. O ano está acabando e é importante fazer revisão do que se conquistou, melhorou, aprendeu, e ainda, o que faltou, não realizou, não aconteceu. O que vamos colocar daquilo que não conseguimos realizar no ano que está acabando na lista para o ano que começa? É importante tentar planejar o que queremos para o novo ano e nessa atividade algumas ações não empreendidas no ano que se encerra devem ser colocadas á frente. Não realizar tudo o que se planejou não deve ser visto como fracasso. Pessoas equilibradas e maduras costumam fazer novos ajustes, priorizar ações, renovar projetos. Coloquem na lista do ano novo apenas as coisas que sejam realmente importantes e REALIZÁVEIS. Não sejam duros consigo mesmos a ponto de desejar coisas que não podem ser conquistadas sem longo tempo e muito trabalho. Planejem a vida para períodos de CINCO anos sendo que, dentro do plano geral estejam organizados os projetos realizáveis a cada ano. Assim, ao final de um ano pode-se fazer avaliação do que foi possível conquistar e do que precisa de mais tempo. O planejamento estratégico e o uso de ferramentas como o PDCA devem e podem ser usados para a vida pessoal assim como para o trabalho. Planejar, desenvolver, aplicar e avaliar é fundamental na vida do trabalhador contemporâneo e isso vale para todas as suas áreas de vida desde a profissional até a amorosa. No final do ano costumamos desejar a todos: muito amor, saúde, trabalho, riquezas e realização de projetos, mas, como conquistar amor se não nos prepararmos para amar e principalmente, doar? Como conquistar saúde se não cuidarmos de nosso corpo diariamente? Como conquistar bom trabalho se não nos preparamos para ele? Para tudo na vida existe o momento de plantar e o de colher e, no intervalo entre os dois, o momento de cuidar da sementeira. Acreditar que Deus proverá sem que precisemos trabalhar pelo sonho é infantil. Deus provê-nos de meios sempre: dá-nos corpo saudável, mente inteligente, habilidades humanas para que desejemos e depois pensemos em formas de realizar. Deus fez-nos perfeitos precisamos apenas usar tudo o que ele nos proporciona (ciência, tecnologia, conhecimento, vida) e seremos bem sucedidos sempre. Pensem nisso e um Feliz Ano Novo a todos os nossos leitores.

PROJEÇÕES E NOVOS PLANOS PARA UM NOVO ANO

Depois de tantos problemas provocadas pelas enchentes é hora de pensar em coisas novas e em novas soluções para as dificuldades de sempre: Como manter emprego, melhorar desempenho, criar vinculo na equipe, melhorar relacionamentos no trabalho, melhorar qualidade das soluções e de aprendizagem. Em ano de crise financeira mundial e de riscos de fechamento de empresas, desemprego, queda de produção é preciso pensar em formas de manter o que se tem em matéria de trabalho e colocação, assim, algumas dicas mantém-se sempre atuais por que são sempre a solução melhor em médio e longo prazo, preste atenção, para o ano, mantenha suas propostas de estudo, é fundamental fazer algum curso de curto prazo, os chamados cursos de extensão, que ajudam a aprender novos conceitos e revitalizar antigas formas de resolver problemas, além, é claro, de permitir aumentar sua rede de contatos. Faça assinatura de revistas, leia livros da área. Procure colocar na sua lista de projetos para o ano, caso não tenha, um curso de graduação, hoje considerada formação inicial. Caso já tenha graduação busque uma pós-graduação, cursos de mais de 370 horas feitos depois da graduação, como o nome já diz, que têm como finalidade a especialização em alguma área de conhecimento ligada á graduação ou á prática profissional. Caso a sua empresa exija e valorize é importante tentar ir mais á frente e buscar um mestrado. Pessoas e empresas que necessitam de trabalhadores preparados para a educação corporativa ou para as pesquisas, necessitam desse nível de formação e quem vai á frente ganha de várias formas. Pensar em mudanças no marketing pessoal também é importante. Refletir sobre fatores que podem ser melhorados nas atitudes, na capacidade de pensar criticamente sobre situações que você tem dificuldade para lidar ou resolver. Talvez você deva pensar em comportamentos próprios que acabam te levando a viver sempre as mesmas situações com pessoas e empresas diferentes. A reflexão sobre que lugar se ocupa nas situações de repetição é sempre bom, pois, se estamos sempre repetindo: “por que isso sempre acontece comigo?” é bom parar e pensar: o que eu faço, que tipo de comportamento meu, acaba sempre trazendo esse tipo de pessoa ou empresa para a minha vida? Nada que nos acontece está distante de quem somos. Assim, reflitam, planejem, preparem para o novo ano que promete ser bom, para aqueles mais atentos e dedicados ao crescimento. Pense nisso!

sábado, dezembro 20, 2008

Sentir e pensar a tempestade - PARTE I

Sou naufraga de uma tempestade. Faço parte da longa lista de desalojados por ação das águas que inundaram a cidade e a vida das pessoas que vivem em Itajai/SC. Cheguei nessa cidade disposta a recomeçar a vida, refazer meus projetos profissionais, lamber as feridas emocionais geradas por um relacionamento amoroso que mostrou-se pouco amoroso. Conhecia a cidade por cá estar em temporadas de verão. Feliz, enamorada, encantada com as belezas naturais deixei-me levar pelo som murmurante das ondas do mar, céu azul, sol ameno. Não houve, durante os meses que aqui vivi e nos encontros com o povo simples da cidade, nenhum comentário, lembrança, aviso sobre a possibilidade de uma tempestade atormentar o sono das pessoas. Esta é uma cidadezinha pitoresca, com ruas limpas e floridas, arquitetura que lembra a colonização europeia. Nas proximidades, mais locais belos em sua cultura e arquitetura, como Blumenau, linda cidade, com pessoas belas, um pouco arredias, comportamento tipico dos alemães-brasileiros que lá vivem. Ilhota, local, antes de Gaspar, que é local ideal para quem deseja comprar roupa de praia e langerie. Nas temporadas de verão é comum os turistas chegarem á Ilhota antes de vir para as praias de Balneário Camboriú. Lá, comprar belos biquinis e maiôs e cá, os exporem em suas cores embelezando corpos. Essas comunidades todas me encantaram quando em 2002 fiz minha primeira viagem para essa região. Vinda do estado de Mato Grosso estranhei o frio, mas, encantei-me com a beleza dos dias ensolarados e frios. Deliciei-me com as caminhadas debaixo do sol coisa que em meu estado não ousaria fazer. Tudo aqui era novo, belo, insinuante, alegre, instigante. Novos desafios no trabalho me animaram. Possibilidades de crescer profissional e intelectualmente me encorajaram a ficar. Vim para isso e por isso. Esta é uma região com ótimas universidades e grandes empresas. O lugar ideal para quem quer crescer profissionalmente e aprender sempre mais. A vida me reservou aprendizagem que não imaginei. Aconteceu a enchente de Novembro. Distraída em meu computador, estudando, trabalhando e conversando virtualmente com amigos distantes, não percebi o perigo de imediato. Apenas quando já era fato as águas que invadiam as casas, me dei conta. Pensar em que fazer e agir com rapidez em momentos assim são exercício deverás forte. Toda a minha experiência com situações inusitadas no Pantanal matogrossensse, que me ensinaram a estar sempre em alerta e agir com presteza serviram. Tentei preservar o máximo de coisas importantes: livros, vestuário, calçados, eletrônicos. Imagino que meus vizinhos fizeram o mesmo. depois de colocar em local alto e seguro meus livros, documentos e o máximo de roupas e calçados que pude sai de casa para buscar local seguro. Meu filho, já avisado anteriormente, vem encontrar-se comigo. Quando abro a porta de casa a água gelada e suja invade meu espaço, minha casa, minhas lembranças, minha tranquilidade. Abro meu portão, desligo a chave de energia, falo com vizinhos para que saiam também e caminho arrastando meu corpo pela correnteza que oferece atrito. com uma pequena bolsa no pescoço uma frasqueira em que coloquei roupas intimas e roupas para mudar quando estivesse em casa de meu filho caminho na tentativa de abrir caminho em meio á água. Meu filho já não consegue chegar até mim com seu carro, eu, não mais consigo chegar até ele andando. Ficamos nos falando pelo celular (bendita tecnologia) tentando tranquiliza-lo descrevo o lugar onde estou e para onde tento ir. Ele, assim como eu, conhece pouco da região. Encontro pessoas que estão também caminhando pelas ruas, tentando ajudar parentes, amigos, vizinhos. Uno-me a esses para não ficar sozinha pelas ruas escuras do bairro molhada pelas águas geladas do rio que nos invade sem cerimônia, ainda bem que sai de casaco e o corpo não sente tanto o frio, apenas as pernas e pés avisam que é noite e que está frio. Encontro local seco depois dez quadras distante de minha casa. Olho para as ruas e vejo apenas água, não mais ruas, asfalto, apenas trilhas de água e pessoas que caminham para lá e para cá, muitas perdidas sem saber ao certo o que fazer. Falo com meu filho ao telefone, bateria avisa que está fraca. Ele insiste na tentativa de chegar até onde estou, impossível, correnteza e profundidade da água não permitem. Sai de casa as 19:30 agora são 22:30, procuro ficar próxima á pessoas, por questões de segurança física e emocional. Debaixo de um toldo junto a um casal e uma adolescente tento conseguir um veiculo alto para romper as águas e chegar até meu filho. Caminhões, tratores e depois de um tempo, barcos trafegam, mas, não estão levando ninguém para onde devo ir, apenas resgatando os que ainda estão em suas casas. É tarde, já passa da meia-noite, os caminhões param de trafegar, para eles também torna-se impossível, tratores e barcos ajudam pessoas ilhadas. Duas da manha, apenas os barcos incensáveis pessoas a ir e vir, trazendo gente de dentro do bairro para a avenida onde estou, que já não está mais seca. A água chega onde estamos, precisamos sair dai. Minha bateria e créditos acabam-se. Minha comunicação com Daniel, meu filho, encerra-se. Preocupa-me os arroubos da juventude, sua ansiedade sem saber de mim, suas condições onde está. Preocupa-me o futuro próximo: será que essa água não vai parar de subir, meu Deus?!?. meus pés novamente estão molhados para onde ir? onde não há água nas ruas? Lugar algum que não no alto das casas já lotadas pelas pessoas que se abrigaram. Tentativas de conseguir um barco para sair revelam-se impossível. Naquela desordem emocional e estrutural as pessoas não ouvem, apenas arrastam-se pelas águas. Três da manha, em uma casa de três pisos á frente de onde estou com o casal, um homem nos chama para que nos abriguemos. Bendita recepção. Sem pestanejar aceito ao chamado e levo comigo as pessoas com quem estava até aquele momento. Têm cães, todas as casas nessa cidade tem pelo menos um cão. Onde coloca-lo? Tentamos arrumar um local seguro para eles e para nós, estranhos todos nós, em momentos de tensão. O que nos reserva o abrigo improvisado e a convivência com estranhos unidos pelo incomum?

sexta-feira, dezembro 12, 2008

A água que lava a história

Itajaí teve a maior parte de suas casas inundada pelas águas. Assim como Blumenau, Joinville, Gaspar, Ilhota e várias das outras pequenas e pitorescas localidades da região conhecida como Vale do Itajaí. Mudei-me para Itajaí em Março desse ano. Vinha em férias e resolvi tentar a vida por aqui. Minha morada estava completando 8 meses. Nós aqui tivemos a vida, a história, as emoções, os sentimentos, as lembranças, as sensações tocadas pelas águas. Tentamos compensar as perdas pensando naquilo que nos restou e relegando o que perdemos a status de coisas materias, que "pensamos" podemos conquistar novamente. Creio que acabamos "coisificando" a história das pessoas. O que se perdeu não foram apenas os bens materiais, os móveis. Perdeu-se a casa trabalhosamente mobiliada para que assim fosse sentida - a casa de cada um. Não apenas um lugar para pernoitar. Não estamos em hotéis e pensões impessoais por sua natureza. Estávamos abrigados dentro de nossas casas. O mobiliário até podia ser mais simples e barato que aquele encontrado nos hotéis, mas, a nossa relação com cada cadeira, cama, utencilios era completamente diferente. Além de perder coisas que compunham a nossa identidade de moradores itajaienses e daqueles que compartilharam conosco as perdas, foi-se também os sentimentos de pertencer a um lugar, de segurança, de abrigo. Foram-se as lembranças vividas através de um calçado, de uma blusa, de uma calça, de um brinquedo, das nossas fotografias, dos presentes que recebemos em ocasiões especiais e que se perderam levados pela enxurrada. O país tenta nos animar, nossos amigos nos dizem da sorte de estarmos vivos, as pessoas tentam compensar, mas, creio que seja importante dar a cada uma das pessoas que viveram essa catástrofe, que tem cheiro, tem som, tem imagens que não serão facilmente esquecidas, a oportunidade de chorar as perdas, de falar sobre as perdas e seus significados. Quando perdemos coisas de nossa casa, não estamos perdendo apenas as coisas, estamos perdendo um pouco de nossa segurança identitária, perdemos afeto. Precisamos de um tempo para elaborar, para despedir, para dizer adeus á pessoa e á casa que existiram antes da enchente e que nunca mais lá estará depois. Os odores e os sons da enchente ainda estão por aqui. A história de vida das pessoas estão amontoadas em frente á suas casas, como a lembrar cotidianamente de uma tormenta. Queremos que aquilo a que todos chamam "entulho" saia logo de nossas portas por que pensamos que assim, vamos poder recomeçar. Toda vez que saio de casa me vem a vontade de chorar. Aperta-me a garganta ao olhar para a vida das pessoas empilhada nas ruas. Emociona-me a sensação de vazio e ao mesmo tempo, a sensação de completa e absoluta turbulência que existe em cada expressão, em cada gesto. Vejo olhos cansados, sem vida. Expressões de desalento, de incerteza. Vejo olheiras. Vejo marcas que tentam eliminar com a força da água, a mesma água que foi capaz de revirar as vidas, as histórias, as identidades de tanta gente. A mesma água mal-dita em momento de tormenta é desejada para os momentos de reconstrução. Penso que é assim também com os móveis e utencilios das casas: a mesma cama ou sofá que é apenas móvel é também morada. Fico lembrando das tantas pessoas que vi em vários locais por onde andei, moradores de rua, como tantos chamam. Esses não têm casa, não têm móveis, mas, lembro-me que também esses estão sempre a tentar carregar das ruas coisas para acrescentar ao seu canto. Todos nós precisamos de roupas, calçados, local para dormir, lugar para chamar de meu. Todos nós precisamos da morada, da segurança de um lugar. Compensações á parte é importante lembrar que as pessoas, eu inclusive, não perdemos apenas os móveis perdemos história e estamos frágeis. Precisamos de tempo. A vida ainda flutua mesmo depois das águas baixarem. Quanto tempo será necessário para retomar a uma normalidade diferente da que existia antes?...não sei..penso que, muitos sequer conseguirão. Alguns não terão o tempo necessário para isso, outros, as condições de vida e de trabalho, outros ainda, a estrutura emocional. Muitos ficarão pelas ruas como o "entulho" da tormenta. Olho para a minha vida e para tudo o que aconteceu e pergunto sempre: o que tenho que aprender com isso?...ainda estou elaborando e aprendendo a toda hora. Sei apenas que hoje não sou a mesma e o que aconteceu fará parte significativa da minha história.