terça-feira, novembro 22, 2011

VALORIZAR A APRENDIZAGEM HUMANA NAS ORGANIZAÇÕES

A mudança do foco na gestão de pessoas de recursos humanos, considerados como ativos permanentes, para as pessoas, consideradas como ativo intangível, é um movimento que começa na década de 60 do século passado e fortalece-se no novo cenário do trabalho. Onde antes se priorizavam os processos hoje se priorizam pessoas. A expressão “capital humano” cunhada por Schultz (apud DEMO G, 2008) na década de 60 buscava valorizar o humano no trabalho como diferencial patrimonial de futuro. No entanto, no Brasil, apesar das idéias de Schultz serem professadas nos discursos com muita ênfase, alguns de nossos estudiosos da época apontavam a distancia entre o discurso e a prática na cultura do trabalho no período da ditadura brasileira. Para estes estudiosos a riqueza deixava de manifestar-se nas grandes estruturas industriais para manifestar-se na capacidade de aprender e usar criativamente o que se aprende por parte dos trabalhadores. Na empresa a palavra capital é representada pelo conjunto de elementos, dinheiro, móveis, veículos, promissórias a receber, entre outros, que o empresário possui para iniciar suas atividades. Para Senge (2008) “uma organização que aprende é aquela que está continuamente expandindo a capacidade de criar seu futuro”. Assim, os ativos humanos passam a ocupar lugar de destaque nas organizações competitivas e, nessas, o talento valoriza-se como riqueza. Ressalta-se que, para as organizações, a manutenção ou desenvolvimento de capital intelectual estaria garantindo rentabilidade futura. Essa mudança no ângulo de visão relacionada ás pessoas no trabalho altera a noção de patrimônio e lucratividade. A conscientização das organizações para o valor do capital intelectual como diferencial competitivo fez com que, no discurso inovador de gestão, os talentos sejam considerados peças-chaves nas estratégias organizacionais. Mas, essa visão não era reconhecida na década de 80 do século passado. Essa tendência para criar uma falsa noção de valorização no trabalhador ainda é recorrente em organizações brasileiras e, ainda comum em algumas regiões com cultura fechada de base manufatureira. Usar expressões como “colaboradores”, “talentos”, “capital humano” tornou-se comum nos discursos que pretendem passar imagem moderna de gestão, mas, o que se percebe é que, mesmo grandes empresas nas regiões desenvolvidas do país, ainda vêm pessoas como recurso perecível e de fácil troca. Para as organizações, não reconhecer que apenas as pessoas aprendem e que, apenas elas podem criar novas formas de solucionar problemas é criar armadilhas no próprio território. É necessário criar espaços criativos e de aprendizagem nas empresas, sob pena de perder-se os espaços conquistados. Pensem nisso!