quinta-feira, outubro 22, 2009

O TRABALHO COMO FORMA DE PERTENCIMENTO SOCIAL

A palavra trabalho vem do Latim Tripalium termo usado para indicar tortura, castigo. O trabalho para a cultura Greco-romana era algo comum aos pobres e aos escravos. No começo do cristianismo o trabalho era percebido como tarefa penosa de punição aos pecados. Somente na época renascentista o trabalho passa a ser considerado necessário á constituição de identidades e á auto-realização humana. Os protestantes ingleses percebiam o trabalho como uma forma de manter-se ligado ao divino afastando-se das tentações e de assim conquistar espaços no céu. Na época da revolução industrial a conotação de castigo ou de acesso ao divino através do trabalho perde sua força e passa a ser percebido como parte do processo produtivo que tem tempos e ritmos a serem disciplinados com o objetivo de produção e lucro. O trabalho humano iguala-se ao das máquinas. Atualmente os significados de trabalho estão fortemente ligados á condição de pertencimento á classes sociais. O ser humano percebe-se pertencente a uma determinada classe social quando trabalha e através de seu trabalho conquista riquezas ou conhecimentos. Pessoas precisam de alguma forma de trabalho para sentirem-se úteis e respeitadas. É comum algumas categorias profissionais serem desvalorizadas em função de não expressar-se em riquezas materiais e visíveis, como a profissão de professor. Não poucas vezes escutamos dos nossos alunos a expressão “professor, você só dá aula ou trabalha em outra coisa?”. A desvalorização da profissão de educador está ligada a uma trajetória histórica de menos valia. O conhecimento nas eras de produção mecânica não era percebido como riqueza. O que se precisava era do braço forte e da obediência. Conhecimento leva o ser humano a fazer perguntas e perguntar não era uma ação bem-recebida pelos donos da produção e da riqueza. É longo o caminho traçado até a modernidade. Hoje a vida ativa e de trabalho busca resgatar a enorme falha, o imenso vazio deixado pela dissociação entre trabalho e conhecimento. No Brasil a busca por recuperar o tempo perdido se expressa pelo alto numero de universidades corporativas, faculdades particulares, ensino a distancia, formação tecnológica, etc. Mas, a associação entre conhecimento e trabalho é forte no sentido de preparar o trabalhador para o trabalho e não para questionar as relações de produção. A expressão “você é pago para fazer não para pensar” mostra isso. Como mudar essa realidade?

Nenhum comentário: